Num momento em que o código eleitoral determinava direito de voto a “todos os portugueses maiores de vinte e um anos, à data de 1 de maio do ano corrente [1911], residentes em território nacional, compreendidos em qualquer das seguintes categorias:

1.º Os que souberem ler e escrever;

2.º Os que forem chefes de família (...)” 

Beatriz Ângelo, sendo viúva e, portanto, sendo a “chefe de família” e com formação superior, reunia as condições para votar, uma vez que a lei não especificava que apenas os cidadãos do sexo masculino tinham capacidade eleitoral. 

Após a rejeição pela Comissão de Recenseamento e pelo Ministério do Interior do seu requerimento para ser incluída nos cadernos eleitorais, recorreu para o tribunal, onde obteve sentença favorável e pôde votar. 

Ainda assim, o voto das mulheres, em Portugal, não foi conquistado na I República. Nos debates da Assembleia Nacional Constituinte, eleita a 28 de maio de 1911, o sufrágio feminino não foi alvo de grande debate.

Não tendo sido consagrado o sufrágio universal na Constituição de 1911, remeteu-se para uma lei especial a organização dos colégios eleitorais e o processo das eleições, em que já se especificava que apenas cidadãos do sexo masculino poderiam votar, dentro as condições acima anunciadas.

Carolina Beatriz Ângelo viria a falecer no mesmo ano em que votou para as eleições do primeiro Parlamento republicando, a 13 de outubro de 1911, com apenas 33 anos, em Lisboa.

 

“Uma nota curiosa das eleições foi a de votar uma senhora, a única eleitora portuguesa, a médica D. Carolina Beatriz Ângelo, inscrita com o número 2513 na freguesia de S. Jorge de Arroios.”