Precisamos de mais homens na mudança
Numa conversa de família foi debatida a questão: “O que leva os jovens das novas gerações a serem mais conservadores e as mulheres mais progressistas?”. Vários estudos evidenciam esse distanciamento ideológico mas a que se deve?
Segundo os mesmos, “as mulheres votam mais à esquerda e os homens mais à direita. O fosso está a agravar-se nas camadas mais jovens e em Portugal já se nota também esta separação”. “Se só tivessem votado mulheres nas eleições [de 2022], teriam dado à esquerda mais lugares no Parlamento e ainda mais votos à maioria socialista.”. Por outro lado, “se apenas tivessem votado homens, o Partido Socialista não teria alcançado a maioria absoluta e o Chega teria agora 15 deputados”. O partido que mais divide a intenção de voto entre mulheres e homens é, naturalmente, este último.
Torna-se evidente que as mulheres da Geração Z estão cada vez mais progressistas e os homens, pelo contrário, cada vez mais conservadores. A novidade não é, no entanto, que as mulheres votem mais à esquerda, mas sim o quanto se estão a distanciar relativamente aos homens.
Uma das principais razões será o facto de as mulheres manifestarem um menor grau de satisfação “com o funcionamento da democracia, com a economia, com a educação, com os serviços de saúde e com a vida em geral”. Desta maneira, sentem e sentimos maior necessidade de ir às urnas e votar pela mudança do paradigma atual. Esta necessidade advém do facto de as mulheres terem sido, ao longo da história, colocadas em segundo plano, onde nunca viram os seus direitos assegurados. É, assim, imprescindível votar e lutar pela manutenção destes direitos, que nem sempre foram apelidados de nossos.
Os homens da nova geração, por outro lado, sentem-se incomodados com a gradual perda de privilégios, que são passos essenciais para atingir a igualdade de género. Assim, optam pela recuperação e manutenção desses benefícios (frutos da desigualdade) e são, por conseguinte, conservadores. Esta visão é, no entanto, falaciosa.
Quando falamos da importância do feminismo e da igualdade de género não nos referimos apenas às mulheres, mas aos cidadãos em geral. Trata-se de uma luta coletiva, uma vez que assim como as mulheres, os homens também não possuem o benefício da igualdade. Estes estão aprisionados pelos estereótipos de género e, por isso, são também parte integrante deste processo. “É hora de todos começarmos a entender o género com uma só visão ao invés de dois lados de ideais opostos.” - Emma Watson.
Beatriz Pires
Secretária da Mesa da Assembleia Geral
Fontes consultadas:
https://visao.pt/atualidade/sociedade/2024-05-08-as-mulheres-sao-de-esquerda-e-os-homen s-sao-de-direita/;
https://www.publico.pt/2024/01/31/p3/noticia/geracao-z-homens-mulheres-discordam-politica -2078692?utm_source=copy_paste https://www.publico.pt/2019/10/24/politica/noticia/mulheres-votam-homens-estao-direita-conf iam-menos-1891240?utm_source=copy_paste;
https://expresso.pt/blogues/bloguet_lifestyle/Avidadesaltosaltos/2017-11-13-A-igualdade-degenero-poe-a-masculinidade-em-riscohttps://youtu.be/gkjW9PZBRfk?si=dib99Ut89Jr3aBR