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Maria Helena Vieira da Silva

Nascida a 13 de junho de 1908 na freguesia da encarnação, em lisboa, Maria Helena Vieira da Silva estudou desenho e pintura na Academia de Belas-Artes de Lisboa. Mais tarde, motivada pela escultura, estudou anatomia na Faculdade de Medicina de Lisboa.

Aos 19 anos mudou-se para Paris, onde estudou com Fernand Léger e onde, mais tarde, trabalhou com muitos artistas renomados como Henri de Waroquier e Charles Dufresne. Foi na mesma cidade que conheceu o pintor húngaro Arpad Szenes, pelo qual se apaixonou e veio a casar, em 1930.

Foi no país que expôs pela primeira vez, em 1933. Também mais tarde, em 1935, expôs pela primeira vez em Portugal.

A paixão por Arpad, judeu, levou-a a fugir para o Brasil, juntamente com o marido, durante a Segunda Guerra Mundial, devido às perseguições contra os nazis. Foi no Brasil que residiram de 1940 a 1947, país onde exerceram grande influência na arte brasileira.

É no ano de 1948 que o estado francês adquire as obras de Vieira da Silva, levando a que, em 1956, tanto ela como o marido, pudessem adquirir nacionalidade francesa, depois de anos antes ter perdido a nacionalidade portuguesa e de, em 1952, após pedido de reaquisição, a mesma lhe tenho sido recusada.

Após longos anos de trabalho e notoriedade, em 1960 é-lhe atribuída a primeira condecoração por parte do Governo francês, que lhe concede o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras. Anos mais tarde, em 1966, é a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts e, em 1979, torna-se Cavaleiro da Legião de Honra Francesa, condecoração renovada por Miterrand em 1991.

Em Portugal, o regime do Estado Novo impediu-a de expor em eventos nacionais e, só com a implantação da democracia em Portugal, em 1974, é mais divulgada a sua obra. Apesar da fuga para o Brasil despoletada pela perseguição nazi e a recusa de nacionalidade por parte do Estado português, Vieira da Silva nunca desistiu dos seus sonhos e ideais, continuando a criar arte e a lutar por um mundo melhor.

Este seria um ano marcante para a pintora, a Revolução marcava o fim de um regime autocrático, o fim de uma guerra colonial sem sentido e um momento de mudança e de abertura fundamentais para o País, não só politicamente, mas também culturalmente. Embora residindo em França, Vieira da Silva desejava participar no clima de mudança que se fazia sentir no país e em 1975 Vieira da Silva expôs um conjunto de gravuras na Biblioteca-Museu Municipal de Vila Franca de Xira e, correspondendo ao convite de Sophia de Mello Breyner, executa dois cartazes memoráveis. Um, com o título A Poesia está na Rua e outro, 25 de Abril de 1974, nomes que ficarão para sempre como lugares simbólicos da Revolução de Abril.

O tema do feminismo era bastante presente nas suas inquietações enquanto mulher e pessoa. Quando lhe perguntado sobre o feminismo Vieira da Silva dizia” Lembro-me de que quando era criança, se falava das sufragistas. Eram um pouco ridículas, mas muito úteis. A mulher burguesa achava-se numa situação impossível. Era educada no luxo, mas depois só lhe restava casar-se. Era-lhe interdito ganhar a sua vida, e assim via-se impelida ao pior: a prostituição ou a miséria. Os pais de família achavam isso normal, natural. Vi mulheres casadas com homens riquíssimos, sem um centavo de seu, impossibilitadas de tomar qualquer iniciativa. Estavam fechadas numa gaiola de oiro. As mulheres pobres viviam esmagadas pela miséria, mas às vezes tinham mais liberdade”.

Foi sem dúvida uma mulher de causas, que sempre defendeu a dignificação das mulheres e a igualdade de género. Após convite de Pierre Paraf, em 1979, aceitou ser membro do Comité de Honra do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos.

Maria Helena Vieira da Silva morreu em Paris a 6 de março de 1992, deixando um legado artístico e humano inestimável. Após inúmeros prémio e condecorações, as suas obras encontram-se expostas até hoje no Museu da Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva, inaugurado em novembro de 1994. Foi, sem dúvida, uma mulher de exceção que marcou a sua época com a sua arte e o seu compromisso com a justiça social.

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